Investir na Bioinformática
- Biocom
- 20 de fev. de 2019
- 2 min de leitura
Em Junho de 2016, o Director da Licenciatura em Bioinformática do ISPA – Instituto Universitário, José Cruz, escreveu uma bela reportagem de opinião no site https://www.publico.pt falando sobre a importância crescente da profissão de Bioinformática. Segue a reportagem:

No passado mês de Abril um consórcio entre a farmacêutica AstraZeneca, o Wellcome Trust Sanger Institute e a HLI, startup de genômica fundada pelo pioneiro de sequenciamento do genoma humano Craig Venter, anunciou a intenção de analisar o genoma de 2 milhões de pessoas à procura de possíveis alvos para drogas terapêuticas. Este é só mais um de entre os muitos projetos de sequenciamento de genomas que procuram compreender a variação genética entre pessoas e em particular as variações que estão relacionadas com patologias.
Comum a todos estes projetos é a quantidade colossal de dados experimentais gerada. Um estudo recente prevê que, no cenário mais conservador, a produção de dados de sequenciamento chegue, em 2025, a 10000 PB (Petabytes) por ano. Como termo de comparação todos os vídeos enviados para o Youtube no ano passado totalizaram cerca de 380 PB, o que corresponde a 300 horas de vídeo enviadas a cada minuto!
De forma resumida o objectivo destas iniciativas é o de estabelecer uma relação entre as variações no genoma (mutações nos seus DNA) e as características observadas em cada indivíduo: características físicas, desenvolvimento, doença, comportamento e etc... O desafio é, portanto, o desenvolvimento de métodos estatísticos e de sistemas informáticos que tratem estas quantidades massivas de dados e forneçam pistas para as relações existentes.
No centro deste desafio está uma área tecnológica recente: a Bioinformática. Uma área multidisciplinar que alia a informática, a biologia e a estatística. Perante os dados produzidos por experiências de alto débito cabe ao bioinformático construir os sistemas de recolha e organização desses dados, desenvolver os algoritmos de análise e disseminar junto da comunidade científica os resultados das experiências.
Os projetos de Bioinformática requerem dois recursos fundamentais: poder computacional (cada vez mais acessível em disponibilidade e custo) e profissionais especializados, mas ao mesmo tempo capazes de uma abordagem multidisciplinar. Num país como Portugal, pobre em recursos naturais, mas rico em recursos humanos, capacidade inventiva e abertura à inovação, áreas de atividade que não requerem muito mais do que “cabeças pensantes” são fundamentais para a criação de nichos de valor econômico. A Bioinformática é uma dessas áreas. O investimento na divulgação destas áreas do saber, na sensibilização das novas gerações, e na formação de profissionais de excelência é, portanto, uma obrigação da actual geração de acadêmicos e decisores.
Comments